Algumas pessoas perguntam porque sempre voltamos ao passado quando falamos em Florence Nightingale. Poderíamos citar outras personalidades marcantes na enfermagem que contribuíram de alguma maneira para melhorias e evoluções na assistência aos enfermos, organizações e reformas na estrutura hospitalar. As citações a Florence continuam até hoje devido aos acontecimentos passados, o grande passo que ela deu para essa classe de profissionais que parece não avançar faz tempo. [continua] Para ler a matéria completa, clique em mais informações.
[continuação..] Tudo bem, ganhamos novas formas para melhorias nas assistências, mas como realizar um trabalho digno se as condições de trabalho da enfermagem (listo aqui não só Enfermeiro(a)s mas também técnicos e auxiliares) na maioria das vezes não dão o apoio necessário para tal? Acredito que muitos "calouros" que entraram para estudar enfermagem já devem ter escutado essa frase de algum amigo ou familiar: "nossa, tem que ter muita vontade e coragem para poder ser enfermeiro". Eu não gosto muito dessa frase porque olhando dessa forma parece que a profissão é o próprio inferno. Porém, eu me pergunto se essa frase realmente não tem um fundo de verdade. Motivos?
Vamos recorrer a literatura. A intensificação laboral é traço característico da atual fase do capitalismo. A insegurança gerada pelo medo do desemprego faz com que as pessoas se submetam a regimes e contratos de trabalho precários, percebendo baixos salários e arriscando sua vida e saúde em ambientes insalubres, de alto risco. MAURO, et al (2010). Quantas pessoas nós conhecemos que recorrem a esse tipo de alternativa? Não só na enfermagem, mas também em outras áreas da saúde onde profissionais não tem qualquer tipo de reconhecimento. Já que tocamos no assunto de emprego e desemprego, não é de hoje que vemos recém-formados lutando por uma oportunidade na área e sequer conseguem alguma coisa. Alguns largam ou procuram outra área por falta de estimulo e satisfação pessoal com a profissão que escolheu.
Um artigo do BMJ - British Medical Journal, sobre a importância do treinamento médico antes do recém-formado em medicina entrar no mercado de trabalho, diz que: "os recém-formados em Medicina, assim como os de outros cursos, fazem uma aposta quando investem em sua formação. O sucesso traz fortuna; contudo, se eles falharem devido à falta de habilidade em fazer escolhas profissionais ou à sua inadequação como médicos, não têm mais direito a compensações que os recém-formados de outros cursos no que tange à garantia de emprego." Além dos estágios que todos devem buscar durante e após a formação, para a enfermagem não basta, pois na maioria das vezes o recém-formado em enfermagem se vê num ambiente de desemprego por falta de experiência (prática), restando apenas a busca pelo concurso público.
Outro artigo do site internacional Advance for Nursing, a autora e enfermeira Nancy Cohen , de um hospital da Philadelphia (Estados Unidos), escreveu o seguinte: "Hoje em dia, eu entendo os novos graduados dos cursos de enfermagem estarem em um tempo difícil de encontrar um emprego sem experiência. Já li alguns que podem começar com o seu pé na porta, aceitando posições de níveis mais inferiores da enfermagem em asilos, instituições de longa permanência, cuidados em prisões ou mesmo trabalhar como auxiliares de enfermagem. Com os hospitais fechando suas portas e todos os outros apertando os cintos financeiramente, só posso simpatizar com e incentivar esses novos graduados para não perderem a esperança, continuarem a perseguir seus objetivos, participarm de feiras de emprego, oportunidades de contratações on-line e manterem uma mente aberta."
Destaquei a parte em vermelho, pois não estamos muitos distantes da realidade aqui no Brasil, ao contrário do que se pensa, lá também não é muito diferente daqui. Escolhendo os enfermeiros a trabalharem como auxiliares, estes não estariam tirando a vaga dos verdadeiros auxiliares de enfermagem? Complicado. Não vamos nos distanciar muito do tema, voltando ao primeiro parágrafo do texto quando eu disse porque sempre lembramos de Florence, "quando pensamos em projeções para o futuro, lembramos o presente e o passado, pois o futuro será um reflexo do presente, assim como o presente é um reflexo do passado." (OGUISSO, 2000). Portanto, qual é o futuro do enfermeiro? Como está a situação atual (o presente) do profissional de enfermagem? Não sei se realmente posso responder essa pergunta por você, então deixo esses dois questionamentos para que você aux / tec /enfermeiro(a) faça uma análise das condições atuais da sua profissão e responda se está satisfeito.
Tomei a liberdade de reunir alguns comentários, se você também tiver alguma opinião fique livre para escrever na caixa de comentários logo abaixo:
"O enfermeiro ao fazer inscrição para o ultimo concurso público estadual pagou R$100,00, comparem o valor pago pelos médicos no concurso para o INSS. Comparem também os salários com relação aos técnicos de Enfermagem. Enfermagem... totalmente sem reconhecimento."
Rozimar Luiz
"Rozimar, infelizmente nossa classe é composta de aux, téc e enf. Isso já é um dos fatores de desunião da equipe. Precisamos renovar, precisamos de novas mentes e, precisamos votar nos colegas de enfermagem, mas colegar com competência, em cada municipio elegermos profissionais de enfermagem vereadores, prefeitos e etc...Não temos representação política forte em Brasilia e a Rejane tá sozinha nessa!!! Vejo a classe reclamando, mas ninguem faz nada."
Maxwell
Referências:
BMJ - British Medical Journal - Brasil. Importa se o formado em Medicina não trabalha como médico?. Julho, 2008. Disponível em: http://www.bmjbrasil.com.br/ControversiaDetalhe.aspx?ControversiaID=3fa7ce1f-f000-45d6-b8c0-92a516f017d6&EdicaoID=7a3f4037-325f-43d3-b740-63ad34d976dd
Surviving Unemployment in Nursing. In today's nursing job market, persistence and hope are a must. Por Nancy Cohen, Março 01, 2011. Disponível em: http://nursing.advanceweb.com/Regional-Content/Articles/Surviving-Unemployment-in-Nursing.aspx
MAURO, Maria Yvone Chaves et al . Condições de trabalho da enfermagem nas enfermarias de um hospital universitário. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, June 2010 .
OGUISSO, Taka . A Enfermagem no mundo atual e projeções para o futuro - Edição Especial de Comemoração dos 60 anos do curso de graduação de Enfermagem, do Departamento de Enfermagem da UNIFESP.. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 13, n. n.especial, p. 44-52, 2000.
Infelizmente temos que admitir que nossa classe é totalmente desunida,não sei se acontece em outros municipios mas aqui é demais. Realmente é uma profissão maravilhosa que eu escolhi pra minha vida, só que a desvalorização é grande demais, tanto salarial quanto profissional.Você esta de parabêns, tem que ser assim postar comentários que nós nos mobilizamos para mudar essa situação. Hirtz
ResponderExcluir